Carie dental precoce: qual o verdadeiro impacto da dieta em sua etiologia?
Autor:
Cristina Berger Fadel.
Sabe-se que a dieta desempenhada um papel fundamental no desenvolvimento da carie dental em todos os grupos etários, entretanto essa relação assume uma posição ainda mais relevante quando analisada em relação ao publico infantil. Ainda nessa fase devem ser consideradas as peculiaridades das praticas alimentares, freqüentemente ricas em líquidos açucarados e a presença de um padrão atípico e especifico da doença da carie que tem sido denominado carie de mamadeira noturna, entre as denominações. A carie dental precoce é um problema grave de saúde publica, pois a progressão da doença pode mutilar a dentição de bebes e crianças de pequena idade, resultado a futura dentição, sendo também capaz de retardar toda a evolução infantil, o desenvolvimento e o modo de falar de criança, sua etiologia vem sendo fortemente ligada á ampla influencia dos aspectos socioculturais, que atuam como potencializadores da ação de agentes primários. Recentemente vários pesquisadores tem apontado o açúcar como principal fator dietético na etiologia da carie dental. o aumento de carie esteve associado ao aumento da consumo do açúcar, pois em todos os países nos quais a prevalência da carie aumentou, houve também o aumento no consumo desse produto. Isso é justificado em função dos carboidratos da dieta serem estimulados do processo de desmineralizaçao e exercerem seu efeito cariogenico localmente na superfície do dente. Ainda, a freqüência de ingestão e o tempo de remoção do alimento da boca, influem profundamente na sua cariogenidade, a sacarose é considerada de maior potencial cariogênico, quando comparada a outro carboidratos, por razoes como o pequeno tamanho de suas moléculas e a sua facilidade de difusão pela placa. Entretanto, seu potencial criogênico parece ser aumentado quando associada ao amido. É o caso dos cereais adocicados, bolachas doces, bolos e biscoitos, apesar dos açucares serem essenciais ao desenvolvimento da carie, a sua relação com a doença não é linear, o que comprova o caráter multifatorial da carie dental. Esse trabalho conhecido como estudo de vipeholm, praticaram 436 pacientes, os quais foram expostos a sacarose de varias formas e em momentos diferentes de ingestão. O grupo consumiu uma dieta quase livre de açúcar e apresentou baixa incidência de carie. Os grupos que consumiram açucares na forma de bebidas e Paes doces as refeições, apresentam um pequeno aumento significativo no numero de superfícies cariadas. Evidencias suportam a amamentação materna como a pratica mais saudável para beber, tanto do ponto de vista fisiológico quanto psicológico.entretanto, estudos científicos que envolvem a amamentação noturna irrestrita, a apontam como fator principal no desenvolvimento desse padrão de carie. Outra explicação estaria no fator da mamadeira poder bloquear totalmente o acesso da saliva as superfícies dentais, principalmente da arcada superior, o que aumentaria a cariogenicidade do alimento ingerido, pelo seu maior tempo de permanência na boca. Atualmente a carie é vista não só como o resultado de um composto alimentar inadequado; mas também de uma supertolerância e negligencias por parte dos pais, que muitas vezes não tem conhecimento das conseqüências de suas ações.
Apesar da amamentação assumir características primaria para o desenvolvimento da doença, essa pratica não deve ser considerada o único fator comportamental de risco. A inserção do açúcar na dieta do bebe ocorre muito cedo e esse é outro fato particularmente importante. Os veículos através dos quais o açúcar foi apresentado pela primeira vez as crianças foram o chá e leite, seguidos por outras bebidas açucaradas, a importância do chá nos primeiros 6 meses de vida deve-se a aspectos culturais e a utilização do aleitamento materno, o qual limitaria o consumo do leite através da mamadeira. As crianças com carie tinham ingestões maiores de doces e refrigerantes do que as livres de carie, independentemente da freqüência com que escovavam os dentes. Um bom sabor exemplo é o fator de os maiores consumidores de açúcar terem apresentado uma maior experiência de carie e pertencerem a família com baixo nível de renda e baixo grau de instrução materno. Sem duvidas, a dieta é a variável de comportamento que apresenta maior interação no desenvolvimento da carie dental na primeira infância; devendo assim, ser limitada a sua freqüência de ingestão de açúcar e a quantidade de carboidratos fermentáveis. Uma combinação de preditores seria imprescindível e verdadeiramente capaz de fornecer uma seleção mais eficiente para a percepção de crianças em situação de risco, no que se refere ao desenvolvimento da carie dental precoce. Uma dieta balanceada, principalmente em sua freqüência e composição concorre positivamente para a prevenção da carie dental, devendo suas formas de atuação sobre a doença serem amplamente difundidas por profissionais da saúde. A maioria dos programas de educação para a saúde incluem algumas referencia para a limitação de alimentos doces, mas há muito pouca discussão sobre os aspectos de como a dieta poderia ser modificado e qual o real impacto dos fatores sociais. Muito pouco é sábio sabre os diferentes padrões de consumo do açúcar pela população e a sua relação com os fatores socioculturais especifico de cada família. Os padrões de alimentação não são hábitos congênitos; mas sim adquiridos através da aprendizagem de ‘modelos’, fazendo parte do processo de socialização. Essa é a ação da transmissibilidade, não somente microbiológica, mas principalmente cultural e comportamental, sendo exposta ao campo da odontologia.
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